segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Virada... REvirada

 

Eu nem sei por onde começar. Queria ter vindo aqui antes e feito o relato do Positivo, mas não deu tempo. Ainda quero contar sobre isso, mas agora, meu momento é de falar de outra coisa: Ano Novo.

Este ano de 2010 promete muitas alegrias na minha vida, promete o maior acontecimento, a maior felicidade que julgo poder ter em muito tempo: o nascimento do meu filho.

Mas este ano começou de uma forma que nunca esperei. Foi a pior passagem que tive em toda minha vida. Além de toda tragédia ocorrida aqui em Angra, com tantas famílias mortas, desoladas pelos entes queridos perdidos, desabrigadas, destruídas, um cenário triste de destruição que todo país anda acompanhando pela tv e que posso ver com meus olhos toda vez que saio de casa. Além de tudo isso, houve uma destruição na minha própria casa. Não uma destruição física de paredes caindo e barrancos invadindo porta adentro. Mas uma destruição moral, emocional, de alicerces abalados, de família desestruturada.

Recebemos alguns parentes já na quarta-feira, dia 30, e foi só alegria. Estávamos todos felizes, sentindo falta do tio que se foi há 3 meses, mas felizes. No dia 31, o clima já mudou com a chegada do último grupo que faltava, eu senti algo estranho, me senti mal e corri várias vezes pra me esconder no meu quarto e chorar... chorar sem motivo aparente, só sentia vontade.

E no momento da virada que era pra ser alegria total, nos reunimos pra fazer uma oração e o improvável aconteceu, um caos total se instaurou e de repente o choro de saudade, foi interrompido por um discurso de ódio, ressentimento e loucura, totalmente sem nexo... uma gritaria desesperada e um ou outro mais equilibrado que tentava conter a confusão, ia também se perdendo na tentativa de melhorar as coisas, e também se desequilibrava e gritava e saía correndo pela rua, e quase rolava pelo chão, tudo em meio à tempestade, à chuva que momentos depois estaria derrubando casas...
E fiquei eu no meio disso tudo, quieta, desolada, sem entender o porquê e nem onde ia terminar, quase 1 hora depois e a confusão não acabava, disse uma palavra: CHEGA! Sem levantar a voz, sem gritar, só disse chega. E inacreditávelmente, um banco voou em minha direção e me gritaram palavras com tanto ódio que nunca imaginei receber.

Sem ação, e sem acreditar naquilo, subi pro meu quarto, por lá fiquei. Morrendo de pena do meu marido por ver aquilo acontecendo na família dele, triste por ver aquilo acontecer, ainda mais na minha casa. Não consegui sentir raiva, fiquei anestesiada, ainda imaginando que aquilo podia ser só um pesadelo. A causadora da confusão foi embora na hora ainda dizendo que ia subir pra dar um beijo no neném, tranquei a porta e pensei "de jeito nenhum ela entra aqui",e se foi deixando pra trás familiares que ainda se preocupavam se ela estaria bem na viagem, com aquela chuva toda, se não ia infartar ou algo assim. Quem ficou, dormiu de qualquer jeito, se dormiu, e levantou no mesmo passo de manhã e pôs o pé na estrada em meio a desculpas e olhares passados também sem acreditar no ocorrido.

Não sei direito o que vai ser daqui pra frente. Mas o que vi, foi uma família se esfarelar. Talvez se recuperem logo, talvez não. Sei que não estarei no olho do furacão pra ver isso. Além da falta de respeito que foi aquele auê dentro da minha casa, houve uma agressão física a mim e ao filho que eu carrego aqui dentro, uma agressão totalmente gratuita e sem sentido, que vai ser difícil, bem difícil de esquecer. Graças a Deus, o banco não pegou em mim, mas podia, e a consequência disso, ninguém pode medir e eu nem quero ficar pensando. Sei que no momento, eu consigo me imaginar contando pro meu filho que vovô e vovó do lado do papai, morreram no reveillón de 2010, quando ele tava na barriga de 3 meses...


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